21.12.04

Memórias Musicais vol. 05 - O fim do começo.

(música: Caravela, cantora: Olivia Byington, álbum: Olivia Byington e João Carlos Assis Brasil)

Todas as cidades do universo possuem uma praça da matriz. Onde quer que você esteja, em marte ou el dourado, com ou sem quasares pulsando loas, sempre haverá uma praça da matriz. Tambaú, aquela das olarias, das chaminés, da argila e da celly campello, também tem a sua. Aliás, tem uma singela e antiguinha e uma outra, mega-tecnopop-pós-brasilia, construída para abrigar os romeiros do padre famoso de lá. A praça antiguinha é cercada de figuras esculpidas em arbustos. Bichos, aves e outras coisas contornam a igreja. É como se o edward scissorhands tivesse se mudado para lá, logo depois que acabou de transformar os blocos de gelo na neve que cobriu os cabelos de sua amada. A última vez que fui passear lá, e para vocês terem uma idéia de como faz tempo, foi exatamente um dia antes dos mamonas se encontrarem com a montanha. Quando cheguei, fui tentando encaixar meu mapa mental afetivo da cidade, desatualizado em pelo menos uns vinte anos. No tape do uno branco que a Claudia dirigia, rolava uma fita, saladinha mista, de músicas sortidas. Exatamente quando vi a praça, quando algo se encaixou no meu velho mapa emocional, tocava essa música do Egberto Gismonti na voz da Olivia Byington.
Preciso dizer que chorei?
Preciso dizer que as figuras vegetais ainda estavam lá, contornando a igreja e dando algum movimento ao eterno e ao imutável?

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