(música: ben, cantada por michael jackson, cd: number ones)
Quando estava na sétima e/ou oitava série do atual ensino fundamental, comecei a ter uns amigos modernos que tinham banda de rock, faziam teatro e teve até um que virou guitarrista do língua de trapo (depois de muito tempo). Tudo começou com apresentações de uma peça de teatro do grupo da minha sala de aula, que era uma dramatização da balada do enterrado vivo (do vinícius?). Eu cuidava dos efeitos visuais, ou seja, passava papel celofane de várias cores na frente do foco do projetor de slides do meu pai, enquanto meu amigo se contorcia no chão envolto em filó e a namorada dele recitava a poesia. Não me lembro da trilha inteira, só sei que começava com a chuva, os sinos e os trovões do bolachão sem nome do black sabbath. Foi um sucesso! Estava no meu apogeu adolescente-pauleira-preto-mórbido de demônios, achava tudo o máximo da contestação, achava o alice cooper tão doidão quanto os adôlas heavy de hoje acham o marylin mason.
Só sei que por conta das peças de teatro fui aceito na turminha dos modernos roqueiros da oitava série. Um dia, ou melhor, uma noite, encanamos aula e fomos até a casa de alguém que morava perto da escola.
Estava eu lá feliz junto com a turminha quando chega meu amigo, diz que precisa me dizer uma coisa e pede para eu acompanhá-lo até o terraço. Chegando lá, ele me diz que o Auro, o outsider de carteirinha da escola joão guião, iria "enrolar um fumo", se tinha algum problema? Externamente, com o olhar mais normal, cool e blasé que consegui fazer, disse que nao via problema nenhum! Enquanto isso, por dentro, as palavras "fumo", "enrolar um fumo", "tudo bem pra você?" ficavam pulando no meu cérebro com aquele efeito de eco de novela, fumo ... umo... umo... umo.... prá você... cê... cê... cê... Turbilhão de emoções internas, tranqüila e serena calma por fora. Acho que só a Rosemary sentiu algo semelhante, quando viu o olhinhos amarelos do filhinho no bercinho preto. Eu pensava, são meus amigos, são legais, são o máximo... mas ELES FUMAM MACONHA ... ONHA ... ONHA ... ONHA ... ONha ... Onha ... onha ... onha ... É bebé, nao foi fácil resolver esse conflito. Meu amigo-ídolo, que era demais, mas fumava maconha. Não foi realmente fácil, e eu não resolvi como vcs devem estar pensando não: dando um tapão no bêise, quiá, quiá, quiá! Naquela época eu tinha Jesus no coração! Só sei que escutavamos black sabbath, deep purple, alice cooper, pink floyd, yes e abominávamos qualquer música comercial que tocasse no rádio ou nas brincas, as festinhas escolares da minha geração. Nessa mesma época, o pequeno e pretinho michael, lançava-se na carreira solo com uma singela música feita para seu ratinho de estimação, o ben. A música tocava numa novela (uma rosa com amor? carinhoso?), nóis descia o cacete enquanto adorávamos o satã fake do ozzy pré-morcego. Mas hoje, em público, confesso: mesmo naquela época, eu trocaria 5 faixas do sabbath pela vozinha pré-púbere do jackson cantando pro mickey dele.
para o William
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