(agosto de 2004)
Nesse último domingo, no dia dos pais, assisti Peixe Grande, do Tim Burton. Eu diria que foi covardia de marca maior. O filme fala de um pai que contavivia histórias e de seu filho. Chorei que nem um cão do norte perdido no sul. Era dia dos pais. O pai inventava mundos para o filho. Meu pai lá na casa dele, surpreendentemente falante nesses últimos dias, dentro do mundo e da doença dele, me fazendo sentir uma proximidade semelhante a de Marte quando se aproxima da Terra, é o mais perto que pode chegar, apesar de ser distante ainda. De manhã, quero ver o final do filme que não aguentei ver sem dormir na noite anterior, mas as crianças avançam certeiras em direção à Constantinopla. As últimas barricadas caem. A Sossô até que fica quietinha, mas os meninos entram numa de duelos de espadas laser entre o Zurg e o Buzz. Existe clima para se emocionar e esgoelar de chorar num final de filme? Perco a paciência e pego o Nico pela orelha. Levo ele até lá em baixo para poder assistir em paz, mas acho que exagerei no apertamento da cartilagem e ele chora ofendido, fisica e moralmente. Penso nos ensinamentos da violência que gera mais violência, mas adianta pouco dentro do contexto. Penso também se é possível manter uma certa coerência nesse mundo cheio de papéis mutáveis e velozmente intercambiáveis:Eu-pai-vendo-filme-sobre-pai-e-filho-que-lindo-eu-filho-lembro-do-meu-pai-eu-pai-inaugurando-a-orelha-do-nico. Só o Shrek me salva, quando lembro que os ogros são como cebolas, possuem camadas!
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