Quando eu era pequeno, gostava de ver o sol nascer. Não que eu levantasse cedo sempre, mas, quando tinha uns cinco, seis anos, pedia para minha mãe me acordar para ver o sol nascer. Lembrei disso, hoje, de certa maneira porque a Sofia perguntou para mim "como é que o dia passa?" Acho que dei uma risadinha frouxa, balbuciei algumas frases desconexas sobre o sol e a lua e, para a minha felicidade, ela estava muito mais interessada na pergunta dela, no observar experimental-construtivista que as crianças têm nessa fase em que elas começam a se aprofundar na leitura de Piaget, do que na resposta que eu poderia oferecer para ela naquele exato momento do passar do dia. Quando eu era pequeno e minha mãe me acordava, sentia uma emoção boa de vero céu preto ir passando por mais tons de azuis que uma caixa de lápis de cor de 36 cores poderia me oferecer. Depois vinha o quente dos tons de laranjaque iam esmaecendo em amarelos pastéis e azuizinhos de tabletes deaquarelas. Lembro de minha mãe me levantando para que eu pudesse ver além dos telhados, entre as mangueiras, os primeiros feixes do gostosão da manhã.Uma vez, nessa época, teve uma madrugada que antes do sol, um pouco antes, teve um cometa acima da linha do horizonte. Estava lá a cartela de cores deazuis e o pequeno risco branco, imóvel, infinito enquanto a luz permitisse.Um dia especial nos dias de ver o sol nascer. Se depois de muito tempo, já grande e quase-semi-meio-velho-daqui-a-pouco,tive noites ruins, foram as manhãs que me salvaram. Foi a exata passagem do lápis preto para o azul petróleo e depois da prússia, anil, cobalto, celeste que me salvou. Hoje, não sei responder porque e nem como o dia passa, mas sei que ele sempre nos promete começar bem.
feliz começo dos 365 dias para vocês!
Nenhum comentário:
Postar um comentário