1.3.05

Por que na escola de meus filhos não tem aulas de informática

Não dou a mínima para informática enquanto matéria curricular, não levo em conta isso quando meus filhos frequentam uma escola. Acho que informática para crianças é como pegar um monte de jovens peixinhos para ensiná-los a respirar dentro d'água. Completo desperdício de tempo. Por que então, algumas escolas insistem em exibir em sua grade, aulas de micro para bebês ainda no útero materno? Porque esse é um dos valores chavões de nossa época (além do balé e da natação), assim como foram o aprendizado de piano (para as meninas) e o judô (para os meninos) na minha tenra infância. Não servem para nada, ou melhor, servem para os pais permanecerem sintonizados com a massa média de seu tempo. É mais uma necessidade deles do que dos filhos, já que estes já nasceram e vivem imersos num info-mundo, respirando bytes na tv, no videogame, nos brinquedos, nos shoppings e nos computadores. Adoro um computador, não me confundam com os fundamentalistas que acham que tudo ainda tem que ser feito na esferográfica e na enciclopédia barsa, mas acho desnecessário ensinar como usar um micro para pequeninos, se ainda fosse, pelo menos, para a terceira idade... ainda teria um sentido. Não sei se vocês já viram na tv uma propaganda do serviço de conexão rápida de internet speed da telefônica. Nela, uma professora pede para os alunos entregarem seus trabalhos sobre Pitágoras e todos eles vão deixando, em sua mesa, versões buscadas na internet sobre Pita e seu famoso teorema. Os trabalhos são muito semelhantes, possuem aquela mesma diagramação de quem pegou na rede e, na melhor das hipóteses, editou no word e imprimiu na sua jatinho de tinta. Todos deixam essa "mesma versão" internética, somente oúltimo aluno, aborrecido e vestido como se fosse um bambam-filhote dos-flinstones sujo, entrega seu trabalho esculpido em uma placa de pedra. No final, o locutor diz algo como "seu filho ainda está na idade da pedra? Na volta as aulas, dê um speed para ele!" Acho engraçado que essa propaganda surte, em mim, um efeito contrário. No meio de um monte de pessoas-massa-acéfala, a única original é detonada impiedosamente por ser diferente, por estar na idade da pedra, mas é só ela que entrega algo novo, algo tão monolítico e antigo que se destaca do resto speed-jato-de-tinta, do resto média-meio do chapeu de Gauss onde repousam as "vidas ocas como toucas de bebês sem cabeças". Bem vindos ao mundo do melhor dos iguais! Se eu fosse a professora, daria um dez para a diferença, para o slow do lascar de pedras, da escrita feita à mão, formando um contraponto luminoso a esse mar de teclas e enters, a essa velocidade-speed de um mundo com pressa de terminar (e de não se comprometer).

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