Terminei de ler "a cura de schopenhauer", que não é um livro de auto-ajuda, mas que me ajudou muito a ficar com vontade de fazer terapia de grupo. Só para me ferrar! Só pelo simples fato que não consigo me imaginar falando intimidades para e com outras pessoas em volta. Só de pensar nisso, um pouco de brisa curadora começa a soprar meu rosto. É um livro que conta uma história de encontros e que me ajudou a querer algo novo, por minha conta e risco. E tenho certeza que a o autor não tinha, entre seus propósitos principais, me ajudar.
Outro dia vi uma palestra, dessas que estão na moda, em que o palestrante pensa que pode resumir a vida a uma administração de microempresa. Passaram um filminho sobre um dos best-sellers da auto-ajuda. Não precisava nem ler o livro, o filme explicava tudo, até mesmo que o queijo representava a vida. Quer preguiça maior do que começar alguma coisa explicando uma metáfora, um símbolo?
Fiquei, então, pensando nos livros de auto-ajuda. Por que afinal, eles não ajudam? Por que não vemos uma legião infinita de leitores que mexeram no queijo, felizes, bem administrados, andando por aí? Por que aquela onda de otimismo que arrebenta no peito dos ouvintes, prestes a resolverem todos seus problemas de existência, não dura o suficiente para que alguma coisa realmente mude?
Acho que palestras e livros de auto-ajuda são como um copo de leite para quem tem azia ou úlcera, produz um alívio imediato, mas logo, logo, a dor perfurante das tripas volta em dobro. Em dobro porque, agora, mesmo sabendo que sua vida é um queijo, você continua não conseguindo resolver nada. E, pior, por causa da maldita palestrante (ou do rato autor do livro), você agora acha que as coisas são simples, que a vida é simples, que nossos problemas são simples. Pode até ser que a vida seja simples, mas nós não somos!
Primeiro, eles pensam que podemos fazer com nossas vidas o que fazemos com nosso orçamento doméstico. Que tudo se resume a uma questão de débitos e créditos emocionais. Entradas, saídas, home banking do nosso viver. Depois, eles resumem tudo em algum símbolo. Um queijo, uma cadeira, um copo d'água. Um todo imenso se transforma numa pequena metáfora. Uma vida se transforma num pedaço de queijo, e as soluções para qualquer problema se tornam bem simples porque são soluções para metáforas.
Diferentemente dos símbolos e metáforas das velhas histórias, em que um lobo mau é também um falo querendo comer a chapeuzinho vermelha de desejo, em que os signos ajudam a elaborar, na criança, a complexidade da vida, nos livros de auto-ajuda, derivados de filósofos-administradores, os símbolos são usados para simplificar as coisas e situações para que os leitores ocos como a touca de um bebê sem cabeça (assim considerados por quem escreve esses livros e, tá bom, tá bom, também por mim que, nao posso negar, tenho um certo desprezo intelectual por quem acha que realmente vai mudar alguma coisa em sua vida lendo essas merrecas) possam se sentir aliviados, num primeiro momento. Igual o leite envolvendo o estômago esburacado pela gastrite, dando uma trégua ao ataque impiedoso das moléculas de HCl.
Mas não se iludam, a vida não é fácil e nao vai ser uma metáfora cheirando a parmesão que irá resolver nosso problema. Não há signo que substitua a história, nem nunca haverá parte que substitua o todo, com fidelidade e louvor!
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5 comentários:
Cleido, puta merda!
Voce descreveu exatamente os meus sentimentos em relação a esses livros...Ufa, tô aliviada!
Sandra
Olá Cleido! Vim aqui te convidar pra participar da comunidade no orkut
que pretende desmacarar as promessas fajutas da Auto Ajuda, demonstrar a pseudo piscologia oferecida nos livros de Augusto Cury e falta de escrupulo em manipular a dor alheia pra vender livro e ficar famo$o. Tripudiar um pouco tambem sobre megalomania de quem tripudia em nossa inteligencia. Juntando forças poderemos expressar nosso repudio em ser tratados como idiotas e egolatras sem sermos censurados. Mas pra isso vamos nos unir.
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=44636161
Abrcs de Ratinho Quevedo!!
Nossa cara..... Eu acho que vc colocou seu sentimento no texto...
Os livros que ele escreve é justamnete para ajudar as pessoas..
Tirá-las de dentro das suas cercas...
Desejo sorte e prosperidade a você !
" O melhor ensinamento é o exemplo, cuidado com seus amigos, rsrs... "
orkut: @Lex César
e-mail: alex_c_surf@hotmail.com
O movimento da auto-ajuda proclama que você tem em seu interior todos os recursos de que precisa para obter sucesso, a concretização de seus objetivos, felicidade e qualquer outra coisa necessária para desfrutar uma vida completa.
Evidentemente, existe um benefício neste constante chamamento à responsabilidade pessoal para construir o futuro: a afirmação das potencialidades do ser humano, enquanto criado à imagem e semelhança de Deus, e o estímulo em busca de mais. Mas, sem dúvida, esta ênfase humanista egocêntrica é um câncer que corrói não apenas a sociedade, como também conspira contra os valores e o conteúdo próprio do evangelho.
A grande necessidade do ser humano não é aperfeiçoamento, mas transformação. O Evangelho não propõe técnicas de controle mental, mecanismos de auto-sugestão, programação neurolingüística ou artifícios de influência pessoal. O Evangelho não proclama um homem desenvolvido mas um homem novo, uma nova criatura em Cristo Jesus.
O caminho para o sucesso não é a afirmação da força e do poder do homem, mas sim de sua fraqueza e rendição ao poder de Deus. O Evangelho propõe que se troque a auto-ajuda pela ajuda do alto.
Não desanime, Cristo quer constantes "evolutions" de sua vida com Ele.
Evangelho não serve para nada! Aliás, serve, para manter os homens cordeiros de quatro aguento o fardo que suas crenças lhes põe nas costas. A bíblia é letra podre, mas como as criaturas são ocas, qualquer conteúdo lhes cabe.
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