Muito tempo atrás, li um conto do Borges com esse título. Não me lembro de (quase) mais nada dele, além de nem conseguir mais ler Jorge Luís. Porque, como dito num poema dele (que foi posteriormente chupado pelo sérgio brito dos titãs), estou velho! Hoje em dia, se leio textos muito complexos, começo logo a pensar em outras coisas, pensar nos filhos, na liquidação da richard's, em receitas de risoto, em chocolates chilenos e no carnê da Renner que já deve estar com dois dias de atraso. Mas o conto, isso eu me lembro, dizia sobre caminhos, em um jardim, que se dividiam. Em cada bifurcação, uma escolha. Uma decisão a ser tomada que poderia modificar tudo.
Outro dia, me perguntaram por que nao fiz faculdade de artes plásticas ao invés de biomedicina. Na verdade, eu não sei, mas respondi que não teria suportado estar em São Paulo, hoje, com os cabelos artificialmente amarelos, com alguns piercings em lugares inomináveis da anatomia humana, usando roupas pretas, óculos de armação de acetato vermelho e discutindo políticas performáticas transculturais. Aqui em Ribeirão, pelo menos, não corri este risco. Principalmente o da arte, já que a cidade não tem consistência suficiente para sustentar nada que não possa ter sido comprado num shopping.Por que, então, me veio à cabeça, as bifurcações dos caminhos do conto do Borges? E se nem houvesse escolhas? E se, diante de cada bifurcação, o universo se partisse, gerando os mundos consequentes possíveis? E se, como na vida quântica das partículas elementais, houvesse tantos mundos quantas probabilidades houvesse de existí-los. Hoje, é esse pensamento que me traz calma, é saber que algum outro eu-meu está por aí, a enfrentar de novo a primeira bifurcação do caminho.
da capo al fine
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