Meu medo maior é do demo sair da garrafa e passar para dentro dessa outra garrafa que vos escreve. Chego a achar que algumas gotas do demônio líquido espirrou em minha roupa e começo a borrifar a água santa em mim também. É nessa hora que começam os barulhos afogados e ao contrário. É nessa hora que são quatro e pouco da manhã e eu acordo com a Claudia me chamando.
É noite de natal, de nascimento. É quase fim de ano e de recomeço. Sinto-me como se tivesse tomado um laxante de alma e expulsado todas as coisas ruins internas, deixando só o bem dentro de mim. Prontinho para o futuro. Sei que não vai durar muito essa limpeza. Sei que eles vão voltar aos poucos e grudar mansamente nos espaços internos como o colesterol ruim se fixa nas artérias. Sou humano e nada do que é humano me é estranho. Mas não faz mal, por enquanto estou limpo, e com a garrafa vazia, pronta para ser preenchida, novamente, até o final de 2007.
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