20.12.04

Momentos perdidos no espaço e no tempo, vol. 02 - A vingança!

setembro de 2004
Os supermercados são um dos melhores lugares para se encontrar pessoas, sejam elas deputados, professores, ministros, pensadores, artistas, seja o que for, lá, todos estarão fatalmente, de bermudão e chinelo, comprando arroz, iogurte, diet coke, omo multiação e carvão pro churrasco. Terça de manhã, umas 9 horas, vou eu rumo ao carrefour comprar algumas maçãs para serem assadas junto com o rocambole de frango dessossado e recheado. Comidinha básica de terça feira de quem faz regime para colesterol alto. E la fui eu, rapidamente, os tri ficando em casa porque o jogo era rápido. Como todos os leitores do Cdicas se recordam (quem não se recorda, favor procurar o texto "momentos perdidos... vol 01" no site www.cdicas.zip.net) tenho uma pequena bronca de encontrar com ex-colegas de faculdade que, na época da escola, passavam a vida com você nas mesas da cantina jogando bozó e matando aulas, mas agora viraram psiquiatras puxando pra psicanálise e encontram com você e cumprimentam com um olhar bem vago, bem distante, bem tela branca do tipo "vem, vem, projeta gostoso, vem!"Pois é, fui eu lá no super comprar minhas inocentes maçãs ( se eu tivesse com saco abriria aqui um paralelo entre a maçã enquanto fruto simbólico e a perda da inocência no corredor de lingeries dos supermercados, mas tô com preguicinha!), fui lá comprar maçãs, apressado e a pé, porque os tri tinham ficado em casa e resolvi pegar um atalho pelos corredores menores. Ao passar pelo das lingeries, vejo ao longe, uma dessas ex-colegas escolhendo calcinhas, faço uma curva de 90 graus sem derrapar e entro (ops!) pelo corredor das lingeries (ops!). Como diria a roda da fortuna, um dos arcanos maiores do tarot, "não devemos perder a oportunidade!". É, o arcano, provavelmente, se referia a atitudes mais nobres e espiritualizadas mas, vocês sabem, quem consegue ser nobre e espiritualizado numa manhã de terça, num supermercado?Passo bem do ladinho dela, ela está de costas para mim, olhando reflexiva para uma calcinha grande, bege e esticada entre as mãos. Passobem pertinho e digo: "Oi, Josefina!!!!" (*). Ela vira para mim e diz: "Oi, Cleido!!!" Bem natural e quase humana. Surpreender uma psicoterapeuta, de base psicanalítica, escolhendo calcinha bege no supermercado não tem preço! Melhor que isso, só se tivesse encontrado no sex shop comprando molho de tomate e vibrador.
(*) nome alterado por questões éticas e para evitar processos

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