(junho de 2004)
prezadas criaturinhas,As mãos retiram da embalagem o cd prateado e coloca no mini system. Nãovejo capa, não vejo nada. Um ponto umbandístico atabacal incia-se pelosfalantes. Lá vem a voz pretona dela, sublime, suave, quase grave. Sevocê não viu a foto da capa vai pensar que é umaafro-sul-americana-pretona-mesmo. Se você viu a capa, viu que é umabranquela paulistana. Maravilhosamente mônica, escutá-la é como tomaruma xícara de capuccino numa tarde fria, nublada e ventosa de um lugarem que (quase) sempre faz calor. Dupla emoção, inesperadas sensações:frio no quente, quente no frio. Lá vem ela com sua voz grave e suave. Lávem a doçura de morrer no mar (ok, mônica, você me convenceu! Quandovamos?). Tudo na voz dela é envolto num sublime desânimo. Numdesacelerar das coisas fast desse mundo fast, aborrecidamente fast. Asinhazinha diz pra gente não ter pressa. Tudo bem, sinhazinha, escuto-tecom a calma que tua voz merece. Até um bic mac, ao passar pela sua boca,deve se transmutar em slow food. Tudo se desacelera, os sambas, asmarchas, as bossas, os afro-sambas. Eu vi um show dela, a voz sai da suaboca, apenas sai, sem o mínimo esforço, sem o mínimo custo energético. Eenvolve tudo, envolve todos, criando o gestual e as luzes. Mas é só avoz dela, que sai e vem e vai. O cd tá de uma boniteza infinita, cheiode arranjos finos e delicados de pianos, percussões, sopros sujeitos aguincho, sanfonas e maracatús ioiôôs. O wisnik deve ter ganido quandoescutou a versão do assum branco. Compre, escute, deixe crescer em seusouvidos, deixe ele bater asas e voar no seu coração.
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