Acordo tão sem noção que esqueço que vou onde vou e mando um copão de leite com toddy e uma bisnaguinha seven boys goela abaixo. A esposa está de saída achando que o Nicolau está com rinite por conta do comfort extra mega especial plus com aloe vera cheirinho do campo usado em excesso nos lençóis.
Nicolau, carentão das sete e meia, resolve que não vai acordar para ir para escola. Os outros dois estão prontos, quer dizer, a Sofia tá pronta e o Joca está deitado de ponta cabeça na poltrona do sofá da sala comendo pasta de dente. Como diria o cara esquizo do the wall, “vejo uma tempestade se aproximando!”
Nicolau não levanta de jeito nenhum. Começo aquilo que os pedagogos e psicólogos dizem para não fazer: AMEAÇAR!
Saio, com eles, tranco a porta e vou para o carro, olhando para ver se o Nico começa a chorar, se aparece na janela, se pelo menos diz alguma coisa, mas não acontece nada. Faço tudo em câmera lenta, para dar tempo do arrependimento penetrar no coraçaozinho dele (ou, talvez, no do pai dele).
Agora estamos todos sentados no carro, eu com aquela cara de como me saio dessa situação, as crianças quietas e sem acreditar que eu vou realmente largar o irmão. E nada de Nicolau. Alguns segundos de enrolação silenciosa depois e a Sofia diz se pode me perguntar uma coisa. Viro a cabeça à espera e ela, numa cadência didática e mansa de terapeuta familiar, me diz - Pai, o que é mais importante: o filho ou a escola?
Mais alguns segundos de silêncio geral automotivo. Respondo com um genérico por que você está perguntando isso? e ela diz que, por nada! Outros segundos de silêncio aparecem antes que eu diga que vou ver se ele mudou de idéia e subo as escadas atrás do Nicolau. Nem olho para trás, mas num relance, vejo um sorriso discreto e aliviado no rosto dos dois que estão no carro, agora, esperando pela volta do irmão.
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