29.6.07

Coisas que só a Grécia Antiga faz por Você!

Depois de (quase) ter que voltar para a análise, ao descobrir que formigas não comem açúcar. De ter o vitral de meu universo particular e do infinito ao meu redor, estraçalhado por esta pedra destruidora de paradigmas cotidianos. De ter conseguido sobreviver, renovado e reformulado, são os gregos antigos que me surpreendem agora.

Tudo bem, todo mundo fala (inclusive eu) sobre a importância da civilização greco-romana, de seu papel como alicerce, em nossa mundo ocidental. Mas, depois do episódio dos heminópteros e do açúcar, voltei a ter minhas certezas abaladas diante de importantes e pessoais revelações que o estudo dessas antigas culturas me trouxeram.
A primeira delas foi que as colunas gregas não eram esculpidas, eram moldadas em fôrmas, em partes e depois encaixadas, pedaço por pedaço. Reparem nas ruínas do Partenon, olhem bem de perto (na foto da internet ou do livro que você comprou na banca), vocês vão ver, estão lá todas as marcas da montagem.
Alguns vão dizer que isso só reforça o caráter racional da civilização grega antiga, a montagem do pensamento filosófico, moral e político, feita por blocos lógicos que, ao serem perfeitamente encaixados, revelam um todo maior, coerente, em perfeito equilíbrio e harmonia. É, pode até ser, mas foi difícil superar o choque de estar há mais de 2000 anos equivocado sobre um assunto.
E alguém suporta que, quase, todas as esculturas gregas que estão nos museus, não são gregas, mas cópias romanas das originais? Suporta que o famoso discóbolo de Miron no Museu de Roma é uma cópia (e ainda dizem que chinfrim) em mármore, do original grego, perdido, feito em bronze?
Os romanos, como diria o Obelix, eram uns loucos. Acho que foram os primeiros novos-ricos do planeta. Foram com eles que começou o costume de colecionar e comprar obras de arte. Ou cópia das obras mais famosas, se o rico nao tivesse dinheiro suficiente para bancar um original. Além de tudo, eles amavam os gregos. Importavam os artistas, suas obras e, se fosse o caso, melhoravam e adaptavam às suas necessidades. Pareciam o Bill Gates e sua Microsoft, sugando, importando, reciclando apples, icqs e netscapes da vizinhança. Pois é, os romanos, os primeiros norte-americanos do Terra, souberam aprimorar e vender melhor, o produto grego.
Chegou uma hora (no famigerado período helenístico grego) que os escultores já estavam tão entediados de esculpir corpos humanos que começaram a inovar. Queriam que os espectadores vissem o modelo nas mais variadas posições e ângulos. É dessa época o famoso Fauno Barberini, na pose mais arreganhada e gay que eu já vi nessa vida, numa obra de arte. Tão duvidando? Procurem no google imagens e comprovem.
E também vem desse período helênico, a minha revelação mais bombástica. Um exemplo do quanto a cultura de massa deve aos nossos antepassados, formadores da civilização moderninha que frequentamos hoje em dia.
Foram os gregos que inventaram o estilo garota camiseta molhada, que até a semana passada, eu jurava que tinha sido uma invenção do Gugu Liberato. Eles esculpiam algumas deusas, como se o tecido que recobria seu corpo, estivesse molhado e colado nele. Acho que, os colossais 2200 anos que separam as essas esculturas do programa do Gugu, se convertem em centímetros, se usarmos como parâmetro de medida, o que os realizadores (tanto das estátuas, quanto do programa de tv) pretendiam atiçar com esse truque molhado.
Vivendo e aprendendo a viver aprendendo. A vida é isso, como no futebol, uma caixinha de surpresas. E assim, vamos levando, mesmo que tudo que somos hoje, toda nossa história ocidental esteja sustentada por colunas pré-moldadas, dóricas, jônicas ou coríntias, feitas com bloquinhos gigantes de classic-lego.

Nenhum comentário: